Processo terceirizado de montagem e teste será o novo gargalo do setor de produção de chips

O fornecimento de semicondutores deve continuar pressionado no primeiro semestre de 2022, até que o setor acumule estoques em níveis compatíveis. Novos surtos de Covid-19 desaceleraram a fabricação, mas a preocupação agora será a escassez de mão de obra, segundo a empresa de consultoria International Data Corporation (IDC).
O mercado automotivo continua sofrendo impactos com a crise de fornecimento, limitando a fabricação de automóveis. As montadoras estão assim optando por utilizar os semicondutores que dispõem em veículos de maior valor, o que aumentou o preço médio de venda dos veículos em 2021.
O mercado automotivo continuará sofrendo com a escassez no primeiro semestre de 2022. Porém, salvo paralisações imprevistas ou problemas de fabricação de semicondutores, o fornecimento deve melhorar gradualmente durante o segundo semestre do ano, de acordo com Nina Turner, gerente de pesquisa da equipe de tecnologias e semicondutores da IDC. Com o acréscimo no tempo de fabricação do veículo, o mercado automotivo começará a melhorar no final de 2022 e em 2023, se não houver outros choques na cadeia de suprimentos.
Uma das principais restrições de fornecimento para o mercado de semicondutores estava em módulos de processo maduros. Embora o mercado de semicondutores automotivos dependa em grande parte de processos mais antigos, muitos outros semicondutores são fabricados com tecnologias de processo de fabricação maduras em 40 nm e acima, como drivers de LCD, CIs de gerenciamento de energia, CIs automáticos e microcontroladores.
No o relatório a ser publicado, Semiconductor Manufacturing and Foundry Services Market and Technology Assessment, a IDC estima que 67% dos semicondutores foram fabricados em módulos de processo maduro em 2021. Utilizando ativos amplamente depreciados, esses semicondutores são vendidos a preços médios de venda mais baixos em comparação com módulos de processo de ponta, definidos como 16 nm ou menos.
A IDC descobriu que, embora a fabricação de ponta represente apenas 15% do volume de wafer, a receita desses semicondutores representa 44% do total. Essa disparidade ajuda a explicar o foco dos gastos de capital na vanguarda do mercado de foundry e o investimento limitado na fabricação de tecnologia de processo madura.
Outra descoberta descrita no novo relatório é o crescimento contínuo das receitas de semicondutores fabless e o crescimento contínuo da capacidade de foundry na região Ásia/Pacífico. “A IDC prevê que as receitas de semicondutores fabless crescerão de 41% do mercado em 2020 para 49% em 2025, destacando o crescimento sustentável do mercado de foundry”, diz Rudy Torrijos, gerente de pesquisa da equipe de tecnologias e semicondutores da IDC. “A capacidade de foundry continuará a crescer na Ásia/Pacífico. Até 2025, a Coréia do Sul e a China aumentarão sua participação na fabricação de wafer para 19% e 15%, de 16% e 12%, respectivamente.” Apesar do crescimento da capacidade nesses países, a participação da receita continuará estável em Taiwan, respondendo por 68% do mercado de foundry em 2025, ligeiramente acima dos 67% em 2020, em grande parte devido ao investimento e sucesso da TSMC e outros fornecedores de serviços de foundry de Taiwan. A previsão é que o mercado geral de foundry se desenvolva a uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 12% no período de 2020 a 2025.
Novas fábricas e anúncios de investimento são um bom sinal de aumento da capacidade de fabricação de semicondutores nos próximos cinco anos. Porém, essa capacidade adicional não entrará em operação em 2022. As empresas estão aumentando lentamente a capacidade, mas a melhoria da capacidade só acelerará em 2023 e nos anos seguintes.
“A escassez que começou no início do ano passado deu lugar a aumentos sustentáveis de preços de venda para a maioria dos fornecedores de semicondutores este ano, exceto na memória. A demanda continua robusta na maioria dos mercados de sistemas, mas os níveis de estoque no meio do ano e atividade econômica mais lenta no segundo semestre pode ser o que acabará aliviando as restrições”, diz Mario Morales, vice-presidente do grupo de tecnologias de habilitação e semicondutores da IDC. “A montagem e teste de semicondutores terceirizados (OSAT) e a escassez de materiais são o novo desafio para a cadeia de suprimentos de semicondutores, que exigirá investimentos nos próximos dois anos, especialmente porque a tendência de sistemas em pacotes se acelera.” (Franco Tanio)