Mercado de máquinas e equipamentos deverá crescer 13% no segundo semestre
O mercado de máquinas e equipamentos deverá crescer 13% no segundo semestre de 2023 em comparação aos primeiros seis meses do ano. Porém, o desempenho não será suficiente para o setor fechar o ano com resultado positivo, segundo a diretora-executiva de Economia Estatística e Competitividade da Abimaq, Cristina Zanella, que projeta queda de 3,4% na receita do setor.
No acumulado dos seis primeiros do ano, a receita líquida total somou R$ 142.339,79 milhões, 8,9% menos que nos mesmo período de 2022, de acordo com dados divulgados pela Abimaq no dia 26 de julho em coletiva de imprensa.
Os dados relativos ao mês de junho sugerem que a tendência de melhora no ambiente de negócios, especialmente no mercado doméstico, já começou. A receita líquida total de R$ 24.848,77 milhões é 0,5% superior à de maio, que já havia apresentado crescimento em relação ao mês de abril. Na coletiva realizada no final do mês de junho, a Abimaq havia divulgado uma receita total de R$ 24.906,87 milhões para o mês de maio, porém o dado foi posteriormente revisado para R$ 24.721,20 milhões, de acordo com explicação de Leonardo Silva, analista de Economia e Estatística da Abimaq. Com o crescimento por dois meses consecutivos, o segundo trimestre do ano registrou crescimento de 2,7%.
A receita obtida no mercado interno no mês de junho foi de R$ 19.787,09 milhões, 9,3% acima do anterior. Pela primeira vez no ano, a melhora no resultado foi puxada pelo crescimento das vendas no mercado doméstico. A melhora recente nos resultados da indústria brasileira de máquinas e equipamentos foi puxada pela ampliação das vendas de componentes para bens de capital, máquinas para infraestrutura e máquinas para logística e construção civil.
Apesar da melhora no ambiente de negócios no mercado interno nos últimos meses, os dados da Abimaq indicam há cautela para a realização de investimentos. O consumo aparente de R$ 31.109,93 milhões no mês de junho é 1,2% menor que o de maio e 5,5% inferior em comparação ao mesmo mês de 2022. No acumulado do ano, o consumo aparente totalizou R$ 179.671,24 milhões, queda de 8% em comparação ao primeiro semestre do ano passado.
EXPORTAÇÕES – As exportações no mês de junho, no valor de US$1.043,31 milhões são 21,3% menores que a do mês de maio. Porém, essa queda não indica tendência de recuo nas vendas externas. Ocorre que em maio as exportações US$ 1.326,07 milhões ficaram acima da média setorial, por conta do grande volume exportações de válvulas que cresceram 485% e de máquinas rodoviária que aumentaram 70%. Cristina Zanella frisa que não há nenhum efeito da recente valorização do real frente ao dólar sobre a queda nas exportações de junho.
No acumulado do ano, as exportações somam US$ 6.677,98 milhões, com crescimento de 18,9% em comparação ao primeiro semestre de 2022. Em unidades físicas, as exportações cresceram 7,8% no primeiro semestre.
No período de janeiro a junho de 2023, houve incremento nas exportações de quase todos os tipos de máquinas e equipamentos. Houve queda apenas nas exportações de componentes para bens de capital (-1,3%), puxado pela redução nas vendas externas de motores e geradores.
Entre os segmentos com resultados positivos em 2023 destacaram-se os fabricantes de máquinas para logística e para construção civil, que juntos representaram 32% do total e que registraram, no primeiro semestre, crescimento de 28,2% sobre o resultado de 2022. Outro segmento com resultado positivo importante foi o fabricante de equipamentos para extração de petróleo que registrou crescimento de 125,7% no ano, passando a representar 7,3% do total das exportações de máquinas e equipamentos.
Houve aumento das exportações de máquinas e equipamentos em praticamente todas as regiões. O aumento para países da América do Norte e do Sul continua como o destaque. No ano, o crescimento foi de 27,7% e de 13,5%, respectivamente. A maior parte das exportações foi direcionada para a América do Sul, que absorveu 34,7% do total de máquinas e equipamentos exportado pelo país. A América do Norte consumiu 34,1% das exportações e a Europa 13,9%.
IMPORTAÇÕES – No mês de junho de 2023, as importações de máquinas e equipamentos foram de US$ 2.239,00 milhões, 12,8% menos que no mês anterior e 19,4% acima do mesmo mês de 2022. No acumulado de janeiro a junho as importações totalizaram US$ 13.305,46 milhões, 14% a mais que no mesmo período do ano anterior. Nos primeiros seis meses do ano, o crescimento dos preços foi de 5%, enquanto o número de unidades físicas importadas cresceu 8,3%.
Nos primeiro semestre de 2023 houve retração apenas nas importações de máquinas para infraestrutura e indústria de base (2,6%). Houve crescimento nas importações de máquinas para a indústria de transformação, para logística e construção, fabricação de bens de consumo, para agricultura e para petróleo. As importações de componentes, bens utilizados em reposição de peças e também na fabricação de bens capital, também registram crescimento no período (+8,9%), passando a representar quase um terço das importações de máquinas e equipamentos do Brasil.
NUCI – O nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) da indústria brasileira de máquinas e equipamentos registrou alta de 0,3% no mês de junho, atingindo 75,5%. Em relação ao mês de junho de 2022, o nível de utilização recente da capacidade instalada ficou 5,1% abaixo. Naquele período o setor atuava com 79% da sua capacidade instalada.
A carteira de pedidos no mês junho de 2023 voltou a se recuperar (0,7%), e atingiu 10,8 semanas de atividades. Mesmo com a recuperação, a carteira de pedidos ficou 5% abaixo do resultado de junho de 2022. Ficou também abaixo da carteira média de 2022, que foi equivalente a 11,4 semanas de atividades.
EMPREGOS – No mês de junho, o setor fabricante de máquinas e equipamentos registrou novo recuo no número de pessoas ocupadas, a terceira em 2023. O número de pessoas ocupadas diminuiu 0,2% e atingiu um total de 392.559 colaboradores. No mês houve o fechamento de quase 800 postos de trabalho em relação ao mês de maio de 2023. Em relação ao mesmo mês de 2022 houve redução do número de pessoas empregadas em boa parte da indústria setorial. Entre os que ampliaram o quadro de pessoal estão os produtores de componentes para bens de capital, de máquinas para logística e para construção civil. (Franco Tanio).