Venda de eletroeletrônicos registra alta de 34% no primeiro semestre
A venda de eletroeletrônicos apresentou alta de 34% no primeiro semestre de 2024 e possibilita recuperação de parte das perdas sofridas pela indústria nacional do setor nos últimos anos.
De janeiro a junho deste ano, foram comercializados 51.530.634 milhões de unidades de aparelhos eletroeletrônicos no país, contra 38.341.825 milhões no mesmo período do ano passado, de acordo com levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).
“Os números mostram uma retomada importante no consumo e trazem um alívio moderado para as empresas do nosso setor que passaram por um longo período intercalando resultados negativos e estagnação nas vendas”, afirma o presidente executivo da Eletros, Jorge Nascimento.
Na avaliação da Eletros, alguns indicadores macroeconômicos promoveram uma melhora na economia, com reflexo positivo sobre o consumo, impactando os resultados do setor. “O aumento na empregabilidade e na renda das famílias, assim como o maior acesso ao crédito são alguns exemplos”, pontua.
O levantamento da Eletros apresenta indicadores positivos para todos os segmentos setoriais. O melhor desempenho foi o de Ar-Condicionado, com 88%, seguido da Linha Portátil com 40%
A Linha Marrom, com crescimento de 20%, por sua vez, também apresentou um resultado bastante satisfatório. A Linha Branca cresceu 16%, também um resultado acima da média dos anos anteriores no período. Por fim, os monitores de computador, fabricados na Zona Franca de Manaus, que compõem os produtos da Linha TIC-Amazônia também apresentaram alta de 14%.
EXPECTATIVA – O setor eletroeletrônico se divide entre o otimismo e a cautela quando se trata do futuro. Segundo a Eletros, são muitas as variáveis que podem interferir na continuidade do bom desempenho do setor.
Entre elas, os fatores macroeconômicos como controle da inflação, ajuste fiscal e Taxa Selic. “Apoiamos o controle da inflação e o equilíbrio fiscal, mas entendemos que o país precisa crescer e isso passa por uma redução na taxa de juros além da que já foi feita”, ressalta Jorge Nascimento.
A agenda política, em especial a regulamentação da Reforma Tributária, pode, também, interferir nos indicadores da economia e afetar a disposição dos consumidores brasileiros. “Estamos acompanhando este tema de perto”, diz.
FATORES CLIMÁTICOS – Outro ponto de atenção para o setor no segundo semestre é o impacto dos fatores climáticos, como a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul e a seca prevista para região Amazônica, que pode ser ainda mais severa do que a registrada em 2023.
“Em relação à seca na região Amazônica, ainda que o poder público tenha agido antecipadamente neste ano, ou seja, antes do agravamento do fenômeno climático, é preciso o máximo de celeridade nas obras de dragagem nos rios mais afetados. As limitações na navegação não afetam apenas as indústrias instaladas na Zona Franca de Manaus, mas podem gerar mais uma grave crise humanitária”, frisa Jorge Nascimento.
De acordo com a Eletros, situações críticas como estas atrapalham o abastecimento dos comércios locais e acabam prejudicando todos os setores, incluindo o eletroeletrônico. No entanto, o impacto social é tão profundo que acaba exigindo soluções bastante complexas para que a população possa voltar a ter uma vida dentro da normalidade habitual.
Ainda no contexto climático, a entidade avalia uma eventual retração nas vendas de aparelhos de refrigeração e climatização por conta do fenômeno La Niña, tendo em vista que uma de suas características é a queda nas temperaturas médias em todo território nacional.
SUSTENTABILIDADE – Na visão da Eletros, a economia do país pode ser impactada de forma ainda mais positiva se o consumo for retomado com foco na busca de produtos eletroeletrônicos mais eficientes. Para isso, deve-se estimular o consumidor à aquisição destes produtos.
A entidade aponta que os ganhos podem ser diversos. Entre eles, a melhora no meio ambiente, com eventual redução no consumo de recursos hídricos e energia, o que geraria uma economia significativa nas contas de água e luz.
De acordo com o presidente da Eletros, a indústria nacional oferece uma gama crescente de produtos mais eficientes em termos de consumo de água e energia, mas a população brasileira muitas vezes enfrenta dificuldades para acessá-los. “A aquisição de produtos mais eficientes não apenas promoverá a adoção de práticas mais sustentáveis pela população, mas também impulsionará a indústria nacional a investir ainda mais em inovação e tecnologia verde”, afirma. “é fundamental que o Brasil não apenas estabeleça regulamentações robustas de eficiência energética, mas que também implemente medidas que incentivem o acesso a produtos eletroeletrônicos mais eficientes”, complementa.